Relembrando uma sexta feira, numa bela manhã de janeiro...
Lá fora, havia chovido forte.
O coração batia rápido quase a querer sair pela boca de tanta agonia e impaciência no peito. Que se danasse o ritual da entrega iminente. Foi tanta a espera e era tanta a sede e tão grande a fome e o tempo tão pouco. Como se o mundo acabasse dali a instantes.
Perdi-me, confundi-me, dividi-me, multipliquei-me. Nem sabia por onde começar, se num beijo ardente, um abraço cheio de fome. Parte de mim, já não fazia parte de mim numa ardência sem fim. Queria mil bocas, mil braços, mil abraços. Meu desejo era infinito, e eu sou apenas um ser finito. De repente, não me pertenço, sou escrava de uma paixão, uma loucura, um amor sem limites. Sou o momento, a razão e a incoerência a um só tempo. Pareço planar no espaço a mergulhar feito águia para agarrar a presa indefesa no chão. E eu sou a presa e não me oponho.
Estou sozinha. Ah! Como você me faz falta! Que saudade imensa da tua cabeleira farta e perfumada entre os meus dedos nos carinhos que não me cansavam... E dos teus olhos faróis, guias para o meu destino mais desejado...Fecho os olhos e vejo a tua boca ávida, caverna mágica dos sonhos das mil e uma noites, onde mil e um beijos se fundiam nas investidas de cada prazer indizível da nossa fome...Fiz do teu pescoço meu refúgio conivente. E ali encontrei a fonte de todos os arrepios quando procurei desvendar cada um dos mistérios que encerras. Nas tuas costas, começava e acabava o meu abraço. Ali, me senti mais tua, tu eras mais meu, e as tuas mãos moleques, encontravam a desculpa sutil para escorregar até as ancas que cavalgavam contigo no mesmo galope. E me escutava se falava e era bom ouvir-te se me dizias confissões das mais simples. Nunca existiu aquiescência submissa mas, o consentimento, consciente das razões mais óbvias das nossas vontades. Éramos a outra metade cada uma das nossas vontades.
Esperei tanto estar assim junto de você... E calada, colada, sem dizer palavra, embriagada pelo perfume do seu rosto, do seu cabelo, enquanto nossas bocas se procuravam e encontravam formas de dizer o que estava sendo sentido.
Você é recordação viva, pulsa, tem cor e tem cheiro.
Talvez, tenha te perdido, mas, foi para sempre que você me ganhou...Sou sua propriedade. Inalienável e eterna, consciente e voluntariamente, para sempre, do tamanho que for o sempre...
Quando fiquei, levaste-me contigo e comigo deixaste uma saudade infinda. Fui tua. Sou tua e pela tua certeza de que em mim ficaram as tuas digitais, haverás de ficar em mim, mesmo na dúvida que me deixas quando me deixa. Se te vais, levas contigo a certeza do vazio que, por certo, me deixa. Comigo ficará apenas a esperança de voltar, um dia, a percorrer os caminhos que conheci... Caminhos de você!
Lá fora, folhas verdes choravam de alegria, contrastando com o cinza úmido do asfalto.
Saudades.... Muitas!
posted by lily @ 3:39 PM
Passei só para lhe desejar um bom dia !!!
E dizer o quanto admiro tudo que vc faz...Beijo...
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